Por Henrique Moraes e Clarissa Cogo
20/08/2010
Exibição realizada na Polinter de Neves contou com a presença de três dos atores que participam do longa “400 contra 1”. Medida visa a facilitar a reintegração dos detentos na sociedade
O Filme “400 contra 1 – A História do Comando Vermelho” foi exibido pela primeira vez em uma carceragem, ontem, para cerca de 100 integrantes da facção que estão presos na base da Polinter, em Neves, São Gonçalo, que abriga 542 detentos em 11 celas. A iniciativa faz parte das novas medidas que passam a ser adotadas com a transferência da administração das penitenciárias, que deixará de ser gerida pela Polícia Civil e passará para a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado.Participaram da exibição, que ocorreu em um salão da ala do refeitório da penitenciária, três dos atores que atuaram no filme, Lui Mendes, Jeferson Brasil e Jonathan Azevedo. Ainda estavam presentes um dos roteiristas do longa, Júlio Ludenir e o coordenador das bases da Polinter do Estado do Rio de Janeiro, Orlando Zaccone.
Segundo Zaccone, as medidas tomadas pela nova administração das penitenciárias, como a exibição do filme, prevêem a humanização dos presos.
"A medida visa a facilitar a reintegração dos detentos na sociedade de forma a serem reinseridos na comunidade quando saírem da cadeia”, disse o coordenador das bases da Polinter.
Dentre as determinações da nova administração das penitenciárias estão, também, além da disponibilidade de atividades culturais, como a exibição de filmes, a construção de salas de aulas para que os presos possam estudar ou ter ensaios de teatro, por exemplo. Há ainda o projeto de construção de salas de banho de sol seguras e ambulatórios.
Após a exibição, o roteirista Júlio Ludenir respondeu às críticas dadas a esse estilo de filme, que faria apologia ao crime, destacando a visão que o longa pretende mostrar.
“Ao contrário do que dizem, de que o filme faz apologia ao crime, o objetivo foi mostrar as más condições de um preso quando ele sai da cadeia”, afirmou Ludenir.
“O protagonista, Daniel de Oliveira, que interpreta um dos mentores da facção Comando Vermelho (CV), depois de passar 37 anos na prisão, saiu doente e muito mal. Quisemos trazer para os jovens, que talvez pensem no crime como uma alternativa, a lição de que o crime não compensa”, completou o roteirista.
Para o ator Lui Mendes, que interpretou o bandido Maranhão, a experiência de assistir ao filme do qual participou em uma carceragem foi muito gratificante e só completou seus trabalhos de filmagem.
“Para as filmagens já tínhamos visitado penitenciárias, mas assistir aqui com os detentos ratifica a mensagem social que o filme quis passar e nos faz vivenciar a experiência de sofrimento da rotina dos detentos que criamos no laboratório para o longa”, disse o ator.
Público aprova
Um dos detentos que assistiu ao filme na Polinter de Neves, Marco Luiz da Silva, de 27 anos, preso há seis meses por associação ao tráfico e tráfico de drogas, disse que iniciativas como essa demonstram interesse de parte da sociedade pela qualidade de vida dos presos.
“Nós, presos, sempre fomos esquecidos e agora isso mostra uma melhoria para nós”.
Na exibição do filme, estava também uma comitiva do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro e membros da ONG Rio da Paz. A organização não-governamental realiza quinzenalmente, normalmente aos sábados, mutirões de limpeza e saúde, disponibilizando atendimento dentário e médico aos detentos, bem como limpeza das celas.
Em cartaz - O filme “400 contra 1 – A História do Comando Vermelho” estreou na primeira semana de agosto e conta as origens da maior facção criminosa do país, o Comando Vermelho (CV). O longa-metragem mostra que criado a partir do lema paz, justiça e liberdade, o CV surgiu e começou a agir no presídio de Ilha Grande, Rio de Janeiro.
A história é contada por um dos mentores da facção, William da Silva Lima, interpretado pelo ator Daniel de Oliveira.
O Fluminense
http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cidades/filme-sobre-origem-do-comando-vermelho-e-exibido-para-detentos-em-sg
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