"Por esse Brasil afora, milhares de foragidos e presos formam um exército de marginalizados, condenados a violência e gerações sucessivas. Estigma: filhos marginais, mulheres sem perspectiva. A violência é filha do desamor, e todos acabam assumindo os papéis que lhes são destinados. Como aconteceu comigo, a falta de união familiar empurra para as ruas milhares de jovens que procuram sua identidade, seus sonhos, suas respostas. As ruas são adultas e rapidamente marcam rostos com aridez, olhos com tristeza, faces com dor. O ponto final dessa trajetória acaba sendo os presídios, de onde muitos jamais saem.
É preciso rever esse sistema. A paz duradoura precisa ser construída, entre outras medidas, com uma anistia que preceda um processo de “reintegração” a uma realidade social renovada. Eu chamo a sociedade a assumir suas responsabilidades, criando as condições para que essas pessoas – milhares? Milhões? – conquistarem seu direito à vida. Que ainda me é legalmente negado.
Prisão e Guerra
Dias longos
Noites cumpridas
A prisão é uma ferida
Como a guerra, um desperdício
Da inteligência Humana."
(William da Silva Lima, "Quatrocentos contra um: uma história do Comando Vermelho", Editora Labortexto, SP, 2001,)
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