quinta-feira, 22 de abril de 2010

Saiu na Folha de São Paulo

"O filme do CV"

CECILIA GIANNETTI

A obra com a história da facção levanta opiniões fortes e põe na roda mais um viés de discussão sobre a violência no Rio

COM ESTREIA marcada para o dia 6 de agosto, "400 contra 1 - A História do Comando Vermelho" (www.400contra1.com.br), apenas com o cartaz do filme divulgado e seu trailer circulando pela internet, levanta opiniões fortes e põe na roda mais um viés de discussão sobre a violência no Rio de Janeiro. E já há até quem peça abertamente a condenação do filme de Caco Souza. Um exemplo das faíscas soltas por conta da história: pesquisa realizada por um jornal carioca na semana passada chegou a registrar 44,89% de votos contra a exibição do longa.

Qualquer um, dono de suas capacidades mentais essenciais -aquelas que nos permitem ligar lé com cré- sabe que exigir a censura de uma obra cinematográfica, ou qualquer obra artística, é, em pleno século 21, levantar uma bandeira estúpida. Neste caso específico, uma oposição tão veemente só pode nascer de uma visão limitada das possibilidades de debate que um filme como esse pode proporcionar.

Em blogs mantidos por policiais militares, sua opinião é firme. Mas não chegam a ser assim despóticos, esses blogueiros fardados -ao menos não pedem que se queimem cópias de "400 contra 1" por aí.

No diariodeumpm.net, um tenente de 25 anos dá voz ao desconforto que causa o tema: "Vão romantizar o bandido? Mas é claro que vão! É uma história, um romance, um épico! Cujos personagens principais são os bandidos. (....) vai mostrar aquele episódio do Zé Bigode, que enfrentou sozinho um cerco de mais de 400 policiais por 12h (...), o cara como um mártir, lógico! Vai mostrar o sofrimento no presídio, e a solidariedade entre os membros da Falange Vermelha. A união e a amizade entre os criminosos, que faziam com que os fugitivos da Ilha Grande retornassem ao presídio para libertar seus irmãos. E claro, vai mostrar a polícia, o braço armado do Estado, matando, prendendo, torturando e extorquindo essa verdadeira família do crime. E não tem como ser diferente."

O que mais me chama a atenção no comentário do jovem tenente é sua conclusão, mais lúcida que de muitos internautas -tantos desses que se dizem grandes fãs de cinema, nacional e estrangeiro- que se prestaram a gritar em caixas de comentários e listas de discussão na web pela medida mais drástica contra o filme: sua proibição.

Escreve o tenente: "Filme é filme. Filme é obra de arte, e deve ser encarado como tal."

A desconfiança e a preocupação sobre a "glamourização da bandidagem", por outro lado, não deixam de existir e são expostas sem meias palavras: "Se teve muita gente querendo ser policial porque viu o filme do Bope ["Tropa de Elite"], agora vai ter muita gente querendo ser bandido porque viu o filme do Comando Vermelho", afirma o tenente Alexandre de Souza.

O roteiro de Victor Navas ("Cazuza - O tempo não para") e o filme de Caco de Souza baseiam-se no livro autobiográfico "400 contra 1", de William da Silva Lima. Selecionei três trechos desse livro para serem lidos no Apocalipso, blog da coluna na Folha Online.

Na primeira parte dessa seleção, William -figura central na formação do Comando Vermelho, uma das facções criminosas mais fortes do Rio de Janeiro na década de 90- conta como começou a roubar, ainda na adolescência. Em seguida, fala de como presos comuns teriam estabelecido seu primeiro contato com o ideário dos presos políticos. Em terceiro, relata como voltou ao crime depois de perder um emprego em uma gráfica/editora.
 
 



3 comentários:

Anônimo disse...

Qual dos personagens faz o papel do Rogerio Lengrube!

bueno disse...

O RL VEM NA SEGUNDA FASE DO COMANDO.

Anônimo disse...

Não existe bandido bom, só o que morre !